sábado, 11 de junho de 2022

Maciel Melo - Crônicas de um Cantador

junho 11, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e em pé 

Sem trava e sem freio de mão
 
   A vida é só um jeito de ser.
   Às vezes, penso que sou tudo o que penso, e fico intenso, e fico imenso e fico imerso em meus delírios, como se eu fosse único. Mas quando acordo, percebo que sempre haverá alguém melhor do que eu, melhor do que você, melhor do que qualquer um que se julgue único. A unicidade é uma palavra inventada unicamente para expressar a onipotência de Deus.
   Às vezes, penso que sou o último pirilampo a vagalumear pelas madrugadas, e quando dou fé outro pisca-pisca baila na minha frente, alumiando o escuro das minhas incertezas, acendendo e apagando as janelas da rua por onde passeiam os, noturnos corações.
   Muitas vezes dou defeito, confesso; escapulo da fenda por onde vazam os sentimentos e saio à procura da porca que pariu a arruela que remoeu a rosca do parafuso que veda a vida.
   Às vezes, desembesto em paixões íngremes, sem trava e sem freio de mão; e aí, o amor enguiça e, rebocado, sou transportado para outras emoções.
   E assim eu vou vivendo à toa, na esperança de um amor que me roa, me rasgue e me remende, toda vez que, por ele, eu me esfarrapar.

0 comentários:

Postar um comentário