Por Matheus Bomfim e Silva / IMMuB
Reginaldo Rodrigues dos Santos, nascido no dia 14 de fevereiro de 1943 no Recife, conhecido nacionalmente como Reginaldo Rossi, famoso por diversas canções românticas taxados por muitos de brega, como “A raposa e as uvas”, “Leviana”, “Em plena lua de mel”, “As quatro estações”, a lista é grande, contudo, seu maior sucesso é “Garçom”, e isso pode ser explicado pelo próprio Rossi:
“Minhas músicas tocam no iPod do desembargador e no radinho de pilha do porteiro porque, independentemente da classe social, todo mundo sofre por amor e gosta de ouvir canções românticas. Quando um homem leva um chifre, o diploma cai da parede”
Reginaldo vem de uma família de classe média, foi estudante de Engenharia Civil e dava aulas de reforço de matemática. Assim como diversos jovens, também foi influenciado pelos Beatles, iniciou sua carreira musical em 1964, com o grupo The Silver Jets.
Uma das músicas desse disco se chama “O pão” com uma sonoridade e letra típica do amor bobo da Jovem Guarda:
Em 1972, já pela CBS, Rossi lança o LP “Nos teus braços”, e nesse disco tem um clássico de seu repertório, Mon amour, meu bem, femme:
Em 1976, Rossi lança uma canção que também é digna de nota, “Um romance que ninguém leu”:
Em 1980, pela Jangada/ EMI-Odeon, lançou o LP “A volta” e justamente a faixa “Volta”, composição de Rossi e Dom Pixote, fez bastante sucesso na época.
A partir da década de 1980 se percebe que as canções de Reginaldo Rossi vão tornando a forma com que ele é conhecido hoje, as letras não era mais sobre “brotos” como na Jovem Guarda, aquela temática ingênua do “iê-iê-iê” e ficando mais carregadas em sentimentalismo e mais melodrama. Isso pode ser notado na canção “Meu fracasso”, composição do próprio Rossi, lançada em 1981, no LP “Cheio de Amor”:
Veja como a letra não é grande, o verso principal é bastante repetido, quem escutar vai perceber isso, contudo, essa forma “simples” ajuda a grudar nos ouvidos e o povo gosta de músicas fáceis de lembrar, basta lembrar de clássicos como “Eu não sou cachorro, não” e “Tortura de amor”, de Waldick, que possuem a mesma base, a mesma estrofe repetida, sem diversos versos . Ou até mesmo “Cadê você?” de Odair José, regravada pela dupla Leandro e Leonardo.
O documentário “Reginaldo Rossi, meu grande amor” mostra que Reginaldo Rossi tinha consciência do estilo de composição que seria popular, ele se mostra bastante entendido de teoria musical e como fazer canções para o gosto popular.
Contudo, o maior sucesso de Rossi não segue estritamente essa regra de poucos versos, mas a temática era extremamente popular, pois, como o próprio já disse, todo mundo já sofreu por amor. Em 1987, é lançado o LP “Teu melhor amigo”, disco que incluía a faixa “Garçom”, porém, diferente do que se pode imaginar, a canção não foi sucesso nacional naquele momento, somente no nordeste, região onde até hoje Reginaldo Rossi é bastante querido e lembrado.
Em 1995 foi lançado um clipe da canção e a partir disso ela dominou o país. E foi na década de 1990 que se iniciou a criar essa imagem de “Rei do Brega”, termo este que nem o próprio Reginaldo gostava, pois tinha consciência da carga pejorativa dele. Lembrando que na década de 1970 era usado o termo cafona, para artistas como Waldick Soriano, Odair José, Nelson Ned, Paulo Sérgio, etc. A partir da década de 1980 o termo brega começou a ser usado. Mas como ele viu que não tinha escapatório, além da mídia, o próprio povo abraçou o “brega”, ele aceitou o personagem do rei do brega.
Julio Iglesias e Reginaldo Rossi em hotel no Litoral Sul pernambucano. (Foto: Fernando Gusmãoo/DP/D.A Press) Créditos: Diário de Pernambuco |
Reginaldo Rossi também era apaixonado pela sua cidade natal, Recife, demonstrando essa paixão em mais de uma música, como em “Recife” presente no disco “A volta”, já citado neste texto.
E Recife até hoje retribui o amor, a capital instituiu o brega como patrimônio cultural imaterial. Além disso, no centro de Recife existe uma estátua em homenagem a Reginaldo Rossi.
Arnaldo Sete/DP, Diário de Pernambuco |
Transcrito de https://immub.org/noticias/no-bar-todo-mundo-e-igual-reginaldo-rossi-e-suas-centenas-de-casos-de-amor
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