segunda-feira, 28 de abril de 2025

Biblioteca da Alepe faz doação de livros infantis no Imip

abril 28, 2025 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

BRINQUEDOTECA – As crianças também participaram de atividades lúdicas. Foto: Anju Monteiro

  Imprensa Alepe

  A Biblioteca da Alepe entregou hoje (24) a crianças atendidas pelo Imip cerca de 400 livros doados na campanha de arrecadação iniciada no último dia 7. A ação foi parte da comemoração pelo Dia Nacional do Livro do Livro Infantil, celebrado em 18 de abril. As entregas ocorreram na brinquedoteca da instituição e em alas destinadas às crianças. Na ocasião, houve também atividades como brincadeiras e contação de histórias.

  Para a bibliotecária da Alepe Sirlênia Araújo, a ação foi importante para ultrapassar os muros da instituição. “Nossa proposta é levar um pouco de alento, afeto e alegria para as crianças que frequentam o Imip. O livro ajuda a sonhar e desenvolver a imaginação”, afirmou.

CONVIVÊNCIA – Alexandre Moraes ressaltou a importância da arte no hospital. Foto: Anju Monteiro

  A psicóloga Nathália Jungmann, que atua na brinquedoteca do Imip, elogiou a iniciativa. “A ação compõe muito bem o propósito da brinquedoteca, que é amenizar o impacto da hospitalização. Estamos num hospital de alta complexidade, em que as crianças geralmente têm um quadro mais grave. E este espaço serve exatamente para que elas não se sintam num hospital”, explicou.

  O escritor e contador de histórias Alexandre Moraes participou do evento e destacou a importância do encontro. “Trazer arte para o universo hospitalar é fantástico. Dava para ver no olhinho de cada criança a reação delas. A gente se sente gratificado por contribuir, mais do que escrevendo, convivendo com essas crianças e passando um pouco do que a gente faz”, concluiu.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Aquelas mãos... Pe. Mateus Henrique ao Papa Francisco

abril 24, 2025 Por Alexsandro Acioly 1 comentário

 Aquelas mãos... O mistério de uma paternidade!

 

Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique
 

Por Pe. Mateus Henrique Ataíde Cruz

    Está chegando aquele dia, 25 de abril, aniversário da minha ordenação sacerdotal. Mas, neste ano, meus passos em direção à Basílica de São Pedro não será apenas memória de uma graça recebida - serão também peregrinação de despedida.

    O Papa Francisco, aquele que impôs as mãos sobre a minha cabeça, que ungiu com o oleo do crisma minhas mãos ainda inexperientes, agora repousa luz do ressuscitado. Ele voltou á casa do pai justamente no dia em que a igreja cantava a nova aurora da Páscoa.

    Segunda-feira da ressurreição. aquela que foi para nós pai, guia, irmão, foi acolhido pelas mãos chagadas do Senhor, a quem serviu com humanidade radical e ardente caridade.

    Vi sua imagem serena no féretro. E o olhar do meu coração se deteve sobre suas mãos - as mesmas que me ungiram, que consagraram para sempre o meu ser, e que me falaram sem palavras. Disseram-me que o sacerdócio nunca é nosso, mas sempre dom recebido, transmitido, guardado.

    Essas mãos, consumidas pela obediência e pela ternura, tornaram-se para mim o sinal visível de uma origem. Uma origem que não morre, porque aquilo que deus realiza pelas mãos dos seus servos transcende o tempo e vence a morte.

    Na sexta-feira voltarei à Basílica Vaticana. Mas já não serei apenas o jovem recém-ordenado. Serei o filho que retorna ao leito do pai, o sacerdote que vela em oração por aquele que lhe gerou a vida ministerial.

    Meu coração está prostado. Não em luto desesperado, mas eu louvor que nasce da gratidão. Gratidão por aquelas mãos que me introduziram no ministério, que silenciosamente me transmitiram a voz do Pastor.

    E assim, cada eucarístia, cada bênção, cada gesto sacramental, carregará em si, a memória viva de suas mãos. Não uma lembrança que se apaga, mas uma presença que continua a agir, que pulsa no coração da igreja.

    Santo Padre, ao retornar à fonte da sua vocação, ao se entregar novamente àquele que o escolheu, saiba que um dos seus filhos, ajoelhado diante do seu féretro, o levará no coração e sobre o altar, até o íltimo suspiro.

 

Réquim aetérnam

Dona eis, Dómine,

et lux pepétua lúceat eis.

Requiéscant in pace. Amen.  

 

Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique   

Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique   
 
Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique

Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique


terça-feira, 8 de abril de 2025

Biblioteca da Alepe promove arrecadação de livros para doar ao Imip

abril 08, 2025 Por Alexandre Morais Sem comentários

Sirlênia Araújo, Gerente da Biblioteca: acesso à leitura e compromisso social da Alepe

   A biblioteca da Assembleia Legislativa de PE (Alepe) está arrecadando livros infantis e infantojuvenis para doar às crianças do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). A ação faz parte da comemoração ao Dia Nacional do Livro Infantil, celebrado no dia 18 de abril. As atividades lúdicas e a entrega das obras ao Instituto acontecem dia 24 deste mês, às 10h, no Bairro dos Coelhos.

   A campanha é direcionada aos servidores da Alepe, parlamentares e ao público em geral. As doações podem ser feitas até o dia 23 de abril, na própria biblioteca, no horário das 8h às 18h, de segunda a quinta-feira e das 8h às 13h na sexta-feira. Os livros precisam estar em bom estado de conservação.

   No dia das entregas também haverá contação de histórias, música e brincadeiras. De acordo com a Gerente da Biblioteca da Alepe, Sirlênia Araújo, a iniciativa “leva conforto, imaginação e acolhimento ao ambiente hospitalar”. “Além de promover o acesso à leitura, reforça o compromisso social da Alepe com a cultura, a cidadania e o conhecimento”, disse.

   Na avaliação do primeiro secretário da Alepe, deputado Francismar Pontes (PSB), os livros são ferramentas poderosas de aprendizado, imaginação e inclusão. “No Dia Nacional do Livro, a Alepe reafirma seu compromisso com o conhecimento e a leitura, essenciais para o desenvolvimento social. A doação de livros infantis simboliza a importância da cultura na formação das novas gerações. A Biblioteca da Alepe é um patrimônio dos pernambucanos, um espaço de pesquisa e valorização da nossa história. Seguimos trabalhando para ampliar o acesso à informação e fortalecer iniciativas que incentivem a leitura desde a infância”, enfatizou Pontes.

  Para o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, a campanha é muito bem-vinda e só reforça a conexão da Assembleia com as demandas da sociedade. “A arrecadação de livros para crianças é uma iniciativa que evidencia a solidariedade e estimula a leitura e o ganho de conhecimento. Que os parlamentares, nossos servidores e a população possam se engajar e fortalecer essa ação”, disse o presidente da Alepe, Álvaro Porto.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

O padre de Itapetim espionado pela Ditadura

abril 07, 2025 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Por Hesdras Souto*

   A ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) foi um regime autoritário instaurado após o golpe de Estado que derrubou o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

  Marcado pela supressão de liberdades democráticas, o período foi caracterizado pela censura, perseguição política, tortura, assassinatos e desaparecimento de opositores, além da intervenção em sindicatos, universidades e na imprensa.

  Os militares estabeleceram um governo centralizado e subalterno aos interesses dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Ao longo dos anos, o regime endureceu com a promulgação de Atos Institucionais (AIs), como o AI-5 (1968), que ampliou a repressão e suspendeu todos os direitos constitucionais. Milhares de pessoas no Brasil foram espionados pelos agentes da ditadura, os famigerados “Arapongas”.

  Várias pessoas no Pajeú estiveram na mira deles, principalmente os membros do nosso Clero. Além do inesquecível Dom Francisco Austregésilo Mesquita, Bispo Diocesano de Afogados da Ingazeira de 1961 a 2001, o Padre José Viana da Silva Sobrinho, ou simplesmente Padre Viana, também foi espionado devido ao seu trabalho a frete da Paróquia de São Pedro, na cidade de Itapetim.

  Documentos confidenciais produzidos durante a Ditadura Civil-Militar mostram que o Padre Viana e três seminaristas (Josildo Vieira de Melo, Cícero Vieira de Souza, Alexandrino Pereira Neto), foram considerados da “ala progressista do clero”, por ter estreitas ligações com o Bispo Dom Francisco, alvo número um dos militares no Pajeú. Num dos relatórios, o Padre Viana é citado como “agitador” e “elemento instigador dos trabalhadores rurais” da cidade de Itapetim, por sua constante preocupação com a fome e a miséria que atingiram a região em virtude das secas. É importante salientar que muitos padres incomodaram a Ditadura Civil-Militar no Brasil porque muitos deles se posicionaram contra os abusos de direitos humanos, a repressão e a injustiça social promovida pelo regime.

  Embora a Igreja Católica como instituição tenha tido setores conservadores que apoiaram o golpe de 1964, especialmente no início, com o tempo, uma parte significativa do clero, especialmente os padres ligados à Teologia da Libertação, passou a se opor fortemente à ditadura. Vários padres denunciaram publicamente casos de tortura, desaparecimentos e assassinatos cometidos pelos órgãos de repressão. Isso era visto como subversão pelo regime, que queria manter essas práticas em segredo.

  Muitos padres e bispos, como Dom Francisco e o Padre Viana, começaram a atuar junto às comunidades mais pobres, ajudando a organizar Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), incentivando a consciência política e os direitos sociais. Isso era visto como uma ameaça à ordem estabelecida, pois empoderava setores marginalizados da sociedade.

  Alguns clérigos se notabilizaram pela coragem de enfrentar o regime militar. Nomes como o de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, que ficou conhecido como “o Bispo dos Pobres”, e um dos maiores críticos do regime. Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, atuou firmemente na defesa dos direitos humanos e ajudou a organizar o livro “Brasil: Nunca Mais”, que documentou inúmeros casos de tortura. Frei Tito de Alencar, dominicano que foi preso e torturado pelo DOI-CODI e acabou exilado, representando simbolicamente a perseguição aos religiosos engajados na luta por um país livre.

  Dom Francisco Austregésilo de Mesquita Filho, Bispo Diocesano de Afogados da Ingazeira, amigo e colaborador de Dom Helder Câmara. Seu lema episcopal era Ut Vitam Habeant (“Para que tenham vida”). Durante seu episcopado, participou ativamente do Concílio Vaticano II (1962-1965) e, ao lado de Dom Helder, foi um dos signatários do famoso Pacto das Catacumbas, comprometendo-se com uma vida de simplicidade e dedicação aos pobres e perseguidos. Atuou diretamente em prol do desenvolvimento humanitário, social e econômico do sertão do Pajeú. Por sua incansável luta pela justiça social, recebeu o epíteto de Profeta do Sertão, sendo uma voz ativa e estridente na defesa dos direitos desamparados e dos famintos, chegando, inclusive, a apoiar publicamente ações como os saques em feiras durante períodos de seca, argumentando que era preferível isso a ver pessoas morrerem de fome.

  Padre José Viana da Silva Sobrinho, Pároco de Itapetim, atuou contra a fome e a miséria na sua cidade. Comprometido com o Evangelho de Cristo, foi defensor dos pobres e dos injustiçados que batiam em sua porta na busca de um pequeno alento para suas misérias sociais. Na Paróquia de São Pedro, Padre Viana foi um facho de luz que enfrentou a fome, a miséria e as trevas do autoritarismo, que por duas décadas pairou sobre a nação brasileira.

  Padre José Viana da Silva Sobrinho morreu na madrugada de um domingo, 15 de outubro de 2023, aos 72 anos, em Serra Talhada, por consequência de um Acidente Vascular Cerebral.

  Ele nasceu em Itapetim, em 20 de novembro de 1950. O sacerdote foi ordenado presbítero em 24 de março de 1979, na Paróquia de São Pedro, em Itapetim.

*Escritor e Historiador, Hesdras Souto é Membro do IHGP e do CPDOc-Pajeú