Aquelas mãos... O mistério de uma paternidade!
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Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique |
Por Pe. Mateus Henrique Ataíde Cruz
Está chegando aquele dia, 25 de abril, aniversário da minha ordenação sacerdotal. Mas, neste ano, meus passos em direção à Basílica de São Pedro não será apenas memória de uma graça recebida - serão também peregrinação de despedida.
O Papa Francisco, aquele que impôs as mãos sobre a minha cabeça, que ungiu com o oleo do crisma minhas mãos ainda inexperientes, agora repousa luz do ressuscitado. Ele voltou á casa do pai justamente no dia em que a igreja cantava a nova aurora da Páscoa.
Segunda-feira da ressurreição. aquela que foi para nós pai, guia, irmão, foi acolhido pelas mãos chagadas do Senhor, a quem serviu com humanidade radical e ardente caridade.
Vi sua imagem serena no féretro. E o olhar do meu coração se deteve sobre suas mãos - as mesmas que me ungiram, que consagraram para sempre o meu ser, e que me falaram sem palavras. Disseram-me que o sacerdócio nunca é nosso, mas sempre dom recebido, transmitido, guardado.
Essas mãos, consumidas pela obediência e pela ternura, tornaram-se para mim o sinal visível de uma origem. Uma origem que não morre, porque aquilo que deus realiza pelas mãos dos seus servos transcende o tempo e vence a morte.
Na sexta-feira voltarei à Basílica Vaticana. Mas já não serei apenas o jovem recém-ordenado. Serei o filho que retorna ao leito do pai, o sacerdote que vela em oração por aquele que lhe gerou a vida ministerial.
Meu coração está prostado. Não em luto desesperado, mas eu louvor que nasce da gratidão. Gratidão por aquelas mãos que me introduziram no ministério, que silenciosamente me transmitiram a voz do Pastor.
E assim, cada eucarístia, cada bênção, cada gesto sacramental, carregará em si, a memória viva de suas mãos. Não uma lembrança que se apaga, mas uma presença que continua a agir, que pulsa no coração da igreja.
Santo Padre, ao retornar à fonte da sua vocação, ao se entregar novamente àquele que o escolheu, saiba que um dos seus filhos, ajoelhado diante do seu féretro, o levará no coração e sobre o altar, até o íltimo suspiro.
Réquim aetérnam
Dona eis, Dómine,
et lux pepétua lúceat eis.
Requiéscant in pace. Amen.
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Acervo pessoal/Pe. Mateus Henrique |
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Que privilégio e benção ter estado ao lado e próximo ao Santo Papa! Que Deus o abençoe! Hoje sentimos um vazio, e mesmo que não esteve próximo, se sente órfão, sentimos um vazio.
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