terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Começou o 15º Festival de Cinema de Triunfo

dezembro 10, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


Do Portal Cultura PE

   Entre os dias 9 e 14 de dezembro, o Festival de Cinema de Triunfo realiza sua 15ª edição, com o centenário Theatro Cinema Guarany (foto) abrindo suas portas para mostras de curtas e longas, além de atividades formativas, debates e uma série de outras ações que farão a cidade respirar cinema durante uma semana. O festival é realizado pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em parceria com a Prefeitura Municipal de Triunfo, do Sesc e da Associação Comercial de Triunfo.

   A programação deste ano segue abraçando a pluralidade, descentralização e inventividade que já são as marcas do festival. Curtas, médias e longas oriundos de todos os cantos do estado, do Nordeste e do Brasil estão presentes, com a tela do Theatro Cinema Guarany recebendo narrativas e imagens que estimulam debates sobre a diversidade da cultura brasileira,  com uma curadoria que buscou equilibrar diferentes gêneros e formatos, como ficção, documentário, cinema experimental e videodança, além de uma programação especial para o público infanto-juvenil e a Mostra Judith Quinto, realizada pelo Sesc.

  “O Festival de Cinema de Triunfo é um momento muito importante do calendário do audiovisual tanto do estado, como do Nordeste e do Brasil. Ele chega em sua 15ª edição consolidado como um espaço de encontros e trocas para a cadeia produtiva, mostrando que a força do cinema no nosso estado não se concentra apenas na capital, mas abrange toda sua extensão territorial”, afirma a Secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.

   A abertura oficial do festival será realizada às 18h, no Theatro Cinema Guarany, com a apresentação dos Caretas de Triunfo, além da Orquestra Filarmônica Isaias Lima e o Balé Popular de Triunfo. Em seguida, inicia-se a mostra competitiva de curtas, médias-metragens e filmes experimentais, seguida do primeiro longa do festival, o paraibano Cervejas no Escuro, de Tiago A. Neves. Também compõe a mostra de longa os títulos Tijolo por Tijolo (Victória Álvares e  Quentin Delaroche, PE), Citrotoxic (Júlia Zakia, SP), Sekhdese (Graciela Guarani e Alice Gouveia) e Légua Tirana (Diogo Fontes Ek’derô e Marcos Carvalho Xôlaka, PE)

   “A nossa programação busca incentivar a participação do público nos debates, fortalecendo o diálogo entre realizadores e espectadores. Além de buscar criar um espaço de troca e reflexão crítica sobre os temas abordados nos filmes, com uma seleção de obras que exploram questões como ancestralidade, identidade de gênero, territorialidade, cultura popular e tradições regionais”, explica a Coordenadora de Audiovisual da Secult-PE, Maria Samara.

AMOSTRA PRAÇA PE

   Uma das novidades do 15º Festival de Cinema de Triunfo é a Amostra Praça PE, que vai proporcionar ao público a experiência de assistir curtas-metragens ao ar livre e curtir apresentações de atrações musicais pernambucanas, com o Som na Rural. A Amostra acontecerá de 12 a 14 de dezembro, a partir das 19h, na Praça do Avião.

   Como atrações culturais, a banda Ambrosino, de Triunfo; o grupo Forró Só Triscando, também da cidade, que se apresentará no Dia Nacional do Forró (13/12); a cantora e compositora Jéssica Caitano, natural de Triunfo e umas das homenageadas do festival; o tradicional grupo Samba de Coco Raízes de Arcoverde.

OFICINAS 

   As atividades formativas, um dos principais braços do Festival de Cinema de Triunfo, serão realizadas na Fábrica de Criação Popular do Sesc e na Escola Municipal Milton Pessoa, na zona rural de Triunfo. A primeira, Oficina de Crítica Cinema na Palma das Mãos, começa uma semana antes do festival, entre os dias 3 e 6 de dezembro, sendo ministrada por Ingá Patriota, de onde também sairão os votantes do júri popular, com inscrições abertas até o dia 25/11.

   Já nos dias 11 e 12 de dezembro, começa a oficina Aquilombalab, voltada para a distribuição de curtas-metragens, ministrada por Anna Andrade. O momento é voltado às trabalhadoras do audiovisual e busca criar um espaço de fortalecimento da estrutura feminina e negra atuante no Nordeste.  A programação contará com dois encontros presenciais em que as profissionais irão compartilhar suas experiências e reflexões sobre as áreas de atuação no audiovisual.

   Sucesso na edição passada, a oficina Outros Sertões e o Minuto retorna neste ano, ministrada por Mila Nascimento, Uilma Queiroz, Alexandehn, com monitoria de Crawd, agora sendo realizada na Escola Municipal Milton Pessoa, na zona rural de Triunfo, com um público formado por estudantes do ensino fundamental e da Educação para Jovens e Adultos (EJA). A iniciativa proporcionará aos sertanejos conhecimento teórico e prático para serem protagonistas da construção de sua identidade e de seu desenvolvimento cultural por meio do audiovisual. Ao fim da oficina, eles produzirão um vídeo de 1 minuto, desde a criação do roteiro, filmagem, captação e tratamento de áudio, até a edição final, passando por todas as etapas: pré-produção, filmagem e pós-produção.

   Quem também retorna é o coletivo CineRuaPE, que traz duas atividades para esta edição do festival, ambas no dia 14 de dezembro. A primeira será uma mesa de debate sobre cinemas de rua do Sertão do Pajeú, discutindo as relações entre produção cinematográfica e oferta de salas de cinema, a distribuição, a formação de público, a produção e a sustentabilidade da produção cinematográfica. A segunda atividade será uma visita guiada ao Theatro Cinema Guarany, destacando sua história e características únicas que o torna referência cultural do nosso festival.

 Programação completa em https://www.cultura.pe.gov.br/canal/audiovisual/15o-festival-de-cinema-de-triunfo-inicia-na-proxima-segunda-feira-9/ 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

João Gomes dos Reis: Seria mesmo 1850 o ano exato da sua chegada a Carnahyba?

dezembro 09, 2024 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

 

João Gomes dos Reis em Carnahyba

 

Por Alexsandro Acioly

(Historiador e Pesquisador)

Correção: Larissa Acioly

Relendo o livro “Carnaíba: A Pérola do Pajeú”, de Pe. Frederico Bezerra Maciel e reeditado pela CEPE, estou fazendo mais uma vez uma viagem no tempo, pois já havia lido a primeira edição desta pérola. A primeira edição me foi presenteada pelo amigo carnaibano, Frank Reis. Já esta segunda edição, recebi das mãos do também carnaibano Willian Malaquias, ambos amigos queridos e de famílias tradicionais da cidade.

Ler “A Pérola do Pajeú” é fazer uma regressão e passeio  pelas terras da antiga Fazenda Carnahyba, prosear com cada um dos seus fundadores, avistar escravos nos pátios das fazendas e acompanhar de pertinho toda a evolução da querida Carnaíba. É conhecer a sua cultura, religião e política. É mergulhar em cada letra das composições do grande Zé Dantas, como se estivesse dentro de uma sala de reboco e de chão batido. Enfim, revisitar esta obra é caminhar de mãos dadas com o sertão, com o Pajeú e com um povo repleto de histórias e tradições.

Quero abrir um parêntese, ou quem sabe uma interrogação, na questão da chegada do fundador da cidade de Carnaíba, João Gomes dos Reis.

O Pe. Frederico Bezerra Maciel é firme e categórico quando diz que a  fundação se dá no ano de 1850. Como  não tenho documentos que comprovem esta data, deduzo e posso comprovar que a chegada da família “Gomes dos Reis” se dá bem antes do ano de 1850.  Através de documentos,  creio que antes do anos de 1830 esta família já se encontrava na região. Vale reforçar que estou falando da chegada, e não da fundação da villa.

Sei que a partir de agora vários questionamentos me serão feitos, do gênero: Como você pode dizer isso? Em que você se baseia para fazer tal afirmação? Você tem provas? Esta última já respondo de imediato: Não, eu não tenho provas, mas tenho documentos da época que podem ajudar a decifrar este mistério da chegada de João Gomes dos Reis à região de Carnaíba. É a famosa e eterna briga entre a oralidade e o documental. Briga esta que não faço parte, pois ambas caminham lado a lado, uma auxilia a outra.

O Pe. Frederico cita dois irmãos e moradores locais que se casaram com as netas de João Gomes, são eles: João Leandro e Manuel Leandro, o segundo considerado por todos como o maior conhecedor da história de carnaíba.

No livro “Carnaíba: A Pérola do Pajeú”, em parte do texto está escrito:

... Além dessas provas por traição oral, o argumento por dedução:

- Se o fundador, nascido em 1820, chegara aos 30 anos de idade a carnaíba, conclui-se, lógica e facilmente, que a data de 1850 está absolutamente certa! (P.27)

Vale a pena observar que o autor frisa bem a as palavras, “oralidade” e “dedução”, mas não cita algo documental. Posteriormente são citados os 10 filhos: João (Alferes); Simplício do Capim grosso; Antônio do barreiro; Manuel da Barroca: Luizinho do Poço do Pau; Isabel do Jatobá; Ana; Severina; Raquel e Vilante.

Dois destes filhos, “João e Vilante”, serão de grande importância na informação de que a família Gomes dos Reis já se encontrava em Carnaíba bem antes de 1850.

Os documentos a seguir comprovam a presença da família já na década de 1830 e 1840 por estas paragens. Serão citados os dois irmãos em tais documentos, como também a pessoa de João Gomes dos Reis.

  Anexo 01:


Figura 1- O documento trata do  batizado de Rita, preta e filha de Theresa (escrava de João Gomes dos Reis) - o batizado acontece no oratório particular da "Fazenda Carnahyba", freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Flores do Pajeú em 15 de abril de 1838.

 Anexo  02:

Figura 2- O documento tara do batizado de Clara, branca e filha de Joaquim Mendes da Silva e Maria Clara da Conceição, ocorrido na Capella dos Afogados em 03 de maio de 1841. Padrinhos: João Gomes dos Reis Júnior de Violante Maria da Conceição.

Nas imagens anteriores, dos dois batizados, pode-se observar que um deles, no caso da filha da escrava, é realizado justamente no cartório particular da “Fazenda Carnahyba”, enquanto o outro acontece na Capella dos Afogados, atual Afogados da Ingazeira, filial da Matriz de São José de Ingazeira.

Como falei anteriormente, João Gomes dos |Reis e dois dos seus filhos estão citados nestes documentos, que antecedem o ano de 1850. Vale salientar que também já existia a Fazenda Carnahyba nesta época.

A imagem de número 03 trata-se de uma publicação do periódico, Diário Novo (PE), da cidade do Recife, onde na lista dos eleitores da Paróquia de Flores consta o nome do Alfares João Gomes dos Reis Júnior. A publicação do periódico é datada de 12 de outubro de 1844. O Pe. Frederico é categórico quando cita os nomes dos filhos de João Gomes e é justamente a partir da oralidade dos carnaibanos citados e das deduções do escritor que tomei por base esta simples pesquisa e pude encontrar estes documentos que, de uma forma ou de outra,  junto aos escritos do Pe. Frederico Bezerra Maciel são de importante valor para a história não só de Carnaíba, mas de toda a região. As dúvidas em relação ao povoamento de algumas regiões terão sempre suas discussões, o que é de bastante validade, desde que, ocorram com diálogos baseados e fundamentados. Este texto foi feito puramente para que haja estes diálogos e também para provar que oralidade e documentos podem sim seguir juntos na descoberta da nossa história, em especial a local.

     Anexo 03:

Figura 3 - Lista dos Elleitores pela Parochia de Flores.  Diário Novo, 12 de outubro de 1844.

 

Cronologia:

        Em 1838 no “Oratório Particular da Fazenda Carnahyba” ocorre o batizado da filha de uma escreva do Sr. João Gomes dos Reis.

        Em 1841 batizado na “Capella dos Afogados” de uma filha de Joaquim Mendes da Silva e Maria Clara da Conceição, tendo como padrinhos, João Gomes dos Reis e Violante Maria da Conceição.

O Joaquim Mendes da Silva aí citado, seria o mesmo que hoje leva o nome de uma escola no munícipio?

        Em 12 de outubro de 1844 no periódico Diário Novo podemos ver o nome do Alferes João Gomes dos Reis na lista de eleitores da Paróquia de Flores.

 

Existem outros documentos que comprovam a presença da família Gomes dos Reis por estas paragens, principalmente na região de Carnaíba e Quixaba entre as décadas de 1830 e 1840.

 

Fontes:

Biblioteca Nacional

Livro - Carnaíba: A pérola do Pajeú – Pe. Frederico Bezerra Maciel. 

https://www.genealogiapernambucana.com.br/familia.asp?numPessoa=23743

https://www.familysearch.org/pt/