quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Passa o passado passando

setembro 30, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Cheguei a conhecer o poeta Quincas Rafael. Estive na sua casa, em Jabitacá, distrito de Iguaracy - PE, onde o mesmo me mostrou um baú cheio de fitas cassete gravadas com cantorias de viola. Pense num acervo! Um baú daqueles eu só vejo parecido os de Dedé Monteiro, que, aliás, tá quase soltando outro no mundo. Mas falando em Quincas, eis a glosa abaixo. Que grandeza. Coisa eterna...
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Passando eu vejo o passado
Nesta vida como passa
E como seta traspassa
Meu viver já traspassado
É um sofrer compassado
A minha vida passada
A lembrança é compassada
Pode ir me traspassando
Passa o passado passando
Como passa a passarada

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vai poeta! Vai como um passarinho

setembro 29, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Itapetim perdeu de vista hoje o poeta Zezo Correia. Mas como poeta sai da vista, mas não sai da vida, ficam versos como estes deixados por ele. Versos de quem sabia ver e dizer o que viu... de quem viveu e partiu como um passarinho: botando beleza na oportunidade de viver.

A vida de um passarinho
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Canta a cauã com agouro
Em cima de uma aroeira
No ninho da quixabeira
Canta a casaca-de-couro
Eu admiro é um louro
Lá no oco apertadinho
Dentro criar um filhinho
Com tanta satisfação
Causando admiração
A vida de um passarinho
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Vê-se um maracanã
Rasgando espiga de milho
Pra dar comer a seu filho
Todo dia de manhã
Também vejo a ribaçã
Pôr pelo chão sem ter ninho
Deixar o ovo sozinho
Depois tirar sem gorar
Isso faz admirar
A vida de um passarinho.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BARRIGA É BARRIGA...

setembro 24, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

Botei logo a arte dos dois pra não ficar devendo a ninguém. Pra quem tá com dificuldade de reconhecer, eu ajudo: o cabeção é o Arnaldo Jabour, que escreveu a idéia aí embaixo, e o outro, com cara de senador, é o Chico Anísio, que teve a idéia aí embaixo. Eu achei que não podia esconder de quem não a leu ainda. Vê que arretado:

Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais.
Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna: a tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos? Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como pai da preguiça. Passava 4/5 do dia deitado numa rede, bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.
Conclusão: esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde... E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!!
Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!!
Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro e é GORDA!!!
O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!
VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!!
Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!
E nunca se esqueçam: 'Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal!

Flores murchas

setembro 24, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Tá chegando o dia das crianças e a mídia já deu a largada desenfreada da corrida do consumismo. Mas com poeta é diferente. Poeta provoca a crítica, chama pra reflexão e dana os dois pés no freio da alienação. Lê Diniz Vitorino e compara com o que vai sair na televisão. Depois tu me diz.


Criancinhas andarilhas

Anjos em cães transformados

Fetos da pobreza, filhas

De loucos desajustados

Oriundos das entranhas

De mães sem almas, estranhas

Nunca vistas na cidade

Que em recantos escuros

Pecam gerando os frutos

Germes da sociedade
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Filhos do morro e do mangue

Intrusos desde meninos

Por terem no corpo o sangue

Dos ancestrais peregrinos

Que na miséria viveram

Desiludidos encheram

De revolta o peito aflito

Morreram como indigentes

Deixando pros descendentes

Seu infortúnio maldito
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São frutos de pais nefandos

Células da carne odierna

Subalternos dos desmandos

De quem a pátria governa

De nós mesmo que não temos

Compostura e elegemos

Governos irresponsáveis

Que sem pena de ninguém

Fazem dos homens de bem

Loucos irrecuperáveis
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Alvo das negras repulsas

Dos seres sem competência

Rosas sem seivas, expulsas

Dos jardins da inocência

Companheiras da penúria

Machucadas pela fúria

Do vendaval criminoso

Bonecas vestindo trapos

Rasgadas pelos sopapos

Do destino impiedoso
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Jovens que tem como escolas

Palavrões do banditismo

Por alimento, as esmolas

Do sujo capitalismo

Por morada, a noite escura

Por leito, a calçada dura

Por conselheiro, ninguém

E por carrasco, o imprevisto

Por defensor, Jesus Cristo

Porque foi mártir também
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Ovelhinhas desgarradas

Dos apriscos sociais

Até serem metralhadas

No covil dos marginais

Depois de mortas no chão

Nem flores murchas terão

Cobrindo as carnes geladas

Mas terão pousadas novas

Como inquilino das covas

Darão descanso às calçadas

Se correr ainda pega!

setembro 24, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Acabei de saber através do pessoal da Revista Eletrônica Catorze. Não estranha, não. A revista é nova mesmo, mas tá prometendo. Oh a chamada da bicha: "jornalismo cultural com a sua cara". Visita lá: www.revistacatorze.com.br.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Funcultura e Cine Mais Cultura

setembro 23, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Equipes da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe estão cortando o interior promovendo capacitações para o Funcultura e para o Cine Mais Cultura. Ontem e hoje repousam em Salgueiro, aí quem não foi não dá mais pra ir, né! Só que a caravana segue... e os cães ladram (escrevi só porque já vi isso em algum lugar). O certo é: a caravana segue e quem quiser vai atrás:
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CAPACITAÇÕES FUNCULTURA


PETROLINA - dias 24, 25 e 26/09, no Centro de Convenções Senador Nilo Coelho

TRIUNFO - dia: 25/09, no Cine Teatro Guarany

CARUARU - dia 30/09, na Associação Comercial e Industrial de Caruaru

Todas nos horários de 9h às 12h e 14 às 17h

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CAPACITAÇÕES CINE MAIS CULTURA

TRIUNFO - dia 24/09, das 14h às 17h, no Cine Teatro Guarany

Pra saber mais acessem: http://www.triunfob.blogspot.com/ e www.fundarpe.pe.gov.br

Churrascaria Casa de Taipa

setembro 23, 2009 Por Alexandre Morais 1 comentário

E trança vara... e bate o barro... e barro bota, que é pra casa levantar. Em São José do Egito o que se levantou foi uma churrascaria, a Casa de Taipa. Fica na beira da pista, a 3km da cidade no sentido de quem vai pra Tabira. Lugarzinho agradável, visse! Nas paredes tem santos, utensílios sertanejos e cordéis do poeta Felipe Júnior. Num recanto, um carro de bois que funciona como palco. O negócio é criativo. Bom de se ver, de se beber e de se comer. Um forno de lenha com umas panelas de barro é pra quebrar fastio de qualquer um. Vai lá pra ver!
Ah, e isso aqui num é comercial, não viu!?! Num é interesse, e pela interessança do lugar!
(Fotos de Cláudio Gomes)




segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Zé Marcolino gostou demais

setembro 21, 2009 Por Alexandre Morais 3 comentários
Excelente! É o primeiro adjetivo sem arrodeios que eu encontro agora pra registrar a 22ª Missa do Poeta, realizada em Tabira, numa homenagem rica ao poeta Zé Marcolino. Na verdade perdi o grande dia, o dia da missa propriamente dita. Mas tive lá em três outros dias. Todos também muito bons: Festival de Violeiros; Lançamento de livros, entrega de prêmios literários e declamações e a fantástica Mesa de Glosas, este ano em sua 13ª edição. Ainda perdi o encontro de sanfoneiros e soube depois que o dia da missa foi dum jeito bom que poucos sabem descrever. Zé Marcolino, tenho certeza, gostou demais!

Belezas da minha terra

setembro 21, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Em Tabira tive o prazer de conhecer o poeta Zé de Mariano. Ele me mandou um dos seus versos. Vale a pena dividir com vocês:

Quem não conhece belezas,

Venha ver no meu sertão.
Por exemplo, uma morena
Em uma noite de São João,
Um caboclo dançarino
Dançar pancada de sino,
Um canário cantador,
Um sabiá na gaiola,
Dois cantadores de viola
E um vaqueiro aboiador.
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Um carro de boi cheirando
A fumaça do cocão,
Um vaqueiro perfilado
Vestido no seu gibão,
Um cascavel enroscado,
Cachorro tangendo o gado,
Sem relho, cipó, nem pau,
A folhagem ressurgindo
E um tronco de pau servindo
De palco pra um bacurau.

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Um triângulo com três pedras
Segurando uma panela,
O fogo embaixo aquecendo
E o feijão pulando nela.
Um cão de caça acuado,
Um formigueiro assanhado
Chamando um tamanduá,
Um engenho de rapadura
Botando liga e doçura
Na cera do arapuá.

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Uma noite enluarada
Inspirando um seresteiro,
A defesa de mutucas
Com ramos de marmeleiro,
Um garrote estrupiado,
Dois bois puxando um arado,
Duas casacas de couro,
João de barro em sua casa
E um sapo engolindo brasa
Pensando ser um besouro.

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Acordar ouvindo o canto
Das águas na cachoeira,
Ver uma cabra parindo
Na sombra de uma aroeira,
Uma roça encoivarada,
Bem no centro uma latada
Um pote com água fria.
Ver um anum soluçando
E uma cigarra cantando
No pino do meio dia.

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Aqui a serra estremece
Com o trovão da trovoada,
O vento leva consigo
Cheiro de terra molhada,
Um carão sem companhia
Faz prece na noite fria
Pedindo a DEUS pra chover,
Rouxinol sai da biqueira,
Se exibe na comieira
Esperando o sol nascer.

Santa mesa de glosa

setembro 21, 2009 Por Alexandre Morais 1 comentário
De tão encantado com a Mesa de Glosas, aliás a primeira que eu fui de 13 já realizadas, fiz esses versos aí debaixo. Participaram os poetas Genildo Almeida (Pitu), Clécio Rimas, Adeval Soares, Genildo Santana, Felipe Amaral, Sebastião Dias, George Alves, Osvanildo Almeida, Albino Pereira, Josivaldo Rodrigues e Gonga Monteiro. Dedé intermediou. A APPTA realizou. Que os deuses de todas as crenças orquestrados pelo Deus da Poesia continue abençoando a todos.

Não lembro do que fazia
Pra perder por doze anos
Um dos mais sobre humanos

Banquetes da poesia
Postos à mesa se via
Onze apóstolos poetas
Servidos como profetas
Com pãos em forma de mote
Pra com o vinho do dote
Fazerem ceias completas
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Apóstolo em defesa
Dedé, fogo que não arde
Entitulou-se covarde
Por não sentar-se à mesa
Foi um gesto de nobreza
Onde a inspiração vadeia
Como o farol da lua cheia
Descendo em focos de luz
Era a presença de Jesus
Completando a santa ceia
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A cena maravilhosa
De minh’alma tomou conta
Pensei de cabeça tonta
É santa a mesa de glosa
O que poucos fazem na prosa
Sem que ninguém interfira
Cada escolhido tira
De arquivos celestiais
Fazendo-se imortais
Da cidade de Tabira
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Quem ver Sebastião Dias
Sem cantar e sem o pinho
Enxerga ali um adivinho
Pois são gênias as suas crias
Ele faz alegorias
Um Deus com ele conspira
Não há tema que lhe fira
Toda fala é glamorosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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Tiram lágrimas e risos
Os versos ricos de Gonga
Como um canto de araponga
Sobre a vida faz juízos
Com seus torpedos precisos
George Alves faz a mira
Aperta o dedo e atira
Mas a bala é carinhosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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De Genildo tinham dois
Um Almeida, outro Santana
Um tem alcunha de cana
Outro é além de depois
Entre porquês e apois
Todo mote os inspira
Quem não ver diz ser mentira
Quem ver diz: ôh noite honrosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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O Felipe abana a mão
Como tá cortando palma
Mas o verso sai da alma
Invade a imensidão
Albino do bigodão
Rima como quem se vira
No cão ou numa catira
Mas seu verso cheira a rosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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O poeta Clécio Rimas
Com bravura de herói
Pedra por pedra constrói
Um canteiro de obras primas
Nas fissuras passa limas
Toda aspereza tira
Se aperreia, mas não pira
Pra pintar, a tinta dosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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Josivaldo fala manso
Mas dá conta do recado
Tem um versejar pausado
Como curva de remanso
Osvanildo faz descanso
Enquanto o mote gira
Chegada sua vez suspira
Cruza a rima, o verso entrosa
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira
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Recrê em astros lunares
Ou começa a acreditar
Quem vê gente versejar
Igual Adeval Soares
Vai nas serras, vai nos mares
Vai no barro, na safira
No amor, na dor, na ira
Grita, chora, sofre e goza
É santa a mesa de glosa
Da cidade de Tabira

Em São José também choveu

setembro 21, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
No domingo (20) corri pra São José do Egito pra ver o 2º Festival de Cantadores do Pajeú, uma homenagem ao poeta Zé Catota, falecido em abril passado. Muito bom, público até o fim (e olha que terminou mais de uma hora da madrugada). Quem acompanha festivais sabe que é danado pra opinião do público não bater com a dos jurados. Lá deu igual: primeiro lugar para Adelmo Aguiar e Denílson Nunes. Fico devendo alguns versos que choveram por lá.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

setembro 17, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

setembro 16, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

setembro 16, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

setembro 16, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Desculpem, mas não estou conseguindo dar espaço entre linhas. Daí as poesias abaixo aparecerem corridas e não separadas em 2 quadras e 2 tercetos (soneto de Cancão) e em 5 quadras (poema de Giuseppe Ghiaroni). Estou verificando se o problema é no blog ou no blogueiro. Não sei porque, mas desconfio que seja no segundo!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O ébrio

setembro 14, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Há um ébrio aqui, parede-e-meia
Que o infortúnio lhe fez um sorteado
Descalço, sem pão, esfarrapado
Sendo o mais conhecido na cadeia
Chora, canta, soluça, palavreia
Pela voragem do vício deformado
Ninguém sente nem olha o desgraçado
Que por sorte desdita cambaleia
Vive fora de toda a humanidade
Caído às vezes nos bancos da cidade
Exposto à chuva, à frieza e ao mormaço
Enquanto tomba e tropeça sem alento
Este povo, de menos sentimento
Zomba e ri o tomando por palhaço
João Batista Siqueira - Cancão

A gramática no cordel

setembro 14, 2009 Por Alexandre Morais 1 comentário
A poesia popular, em especial a literatura de cordel, foi uma fonte de informação, diversão e educação quase que única para muitas gerações de interioranos nordestinos. Muitos chegaram a aprender a ler e escrever com mãos e olhos num folheto. Feito de forma simples, com linguagem acessível e atraente, os versos continuam sendo uma riquíssima fonte de pesquisa e ensinamento. Eis alguns exemplos do professor e poeta paraibano Janduhi Dantas Nóbrega transcritos em seu livro A Gramática no Cordel:
Frase e Oração
A oração tem no verbo
base de sustentação
porque tem de haver verbo
para que haja oração;
já frase é enunciado
que tem comunicação.
Período
Período diz-se da frase
com uma oração ou mais.
Com uma oração é simples:
"Lélis leu todos os jornais";
com mais de uma, composto:
"Fiz e pintei o cartaz".
O sujeito
Meu bom sujeito, o sujeito
é o termo da oração
chamado de essencial
que pratica ou sofre a ação:
"A polícia prendeu Zé",
" foi levado à prisão".

Brenon disse de quem é!

setembro 14, 2009 Por Alexandre Morais 1 comentário
O nobre Brenon Nunes de Freitas, aspirante causídico lá da Prata, manda dizer a quem interessar possa que o verso aí de baixo tem pai. Trata-se do senhor Giuseppe Ghiaroni, mineiro da cidade de Paraíba do Sul, poeta e jornalista. Cabra bom! Quem? Os dois.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Quem sabe de quem é?

setembro 11, 2009 Por Alexandre Morais 3 comentários
Conheci essa maravilha aí abaixo através do poeta Diomedes Mariano. Ele não conhece e autor e eu até hoje também não. Alguém aí pode ajudar?

A estudante, a casada e a perdida
Num tempo que vai longe em minha vida
E que eu lembro muito bem mesmo distante
Três amores eu tive: uma estudante
Uma mulher casada e uma perdida
A estudante eu amava afoitamente
Antes da escola mal o sol nascido
A casada na ausência do marido
E a perdida depois do expediente
Era no tempo das imagens belas
Escrevi um poema certa vez
Um poema inspirado em uma delas
Mas fiz três cópias para dar as três
E as três choraram de emoção profusa
Cada qual se sentindo retratada
Cada qual chorou lágrimas de musa
A estudante, a perdida e a casada
Assim algo encontrei de semelhante
Nos diversos amores desta vida
Que a casada tem algo da estudante
E que as duas têm muito da perdida.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Emídio de Miranda

setembro 09, 2009 Por Alexandre Morais 2 comentários
Recebo através de Cláudio Gomes, que por sua vez recebeu de Djacy Véras, o soneto abaixo. Grande e mais belo se conhecida sua origem. Eis um resumo: ao escrever, o autor estava nas últimas como se diz, vitimado por males alguns oriundos do alcoolismo. Dirigiu os versos a um amigo que se negou a pagar-lhe bebida. O poeta é Waldemar Emídio de Miranda, nascido no Recife, mas que cumpriu sua missão na terra entre as cidades de Serra Talhada, Arcoverde, Triunfo e Caruaru, tendo falecido em 1937. Vamos aos versos:

Tú, ventrudo burguês analfabeto,
Escultura rotunda da irrisão
Para quem o viver mais limpo e reto
Consiste em ser avaro e ter balcão;

Tú que resumes todo o teu afeto
No dinheiro - o metal da sedução,
Pelo qual negocias abjeto,
Tua esposa, teu lar, teu coração;

Escutas ó ignorantaço, o que te digo:
Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um pachá,

Pode comprar qualquer burguês cretino,
Mas a lyra de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Eu fui

setembro 08, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Cumprindo o que anunciei aqui, fui pro Festival da Prata. Não foi como foi anunciado, mas foi grande. Entre as muitas coisas incríveis, vou carregar comigo a declamação do poeta Enoc Ferreira e o show dos Vates e Violas, esses malucos por excesso de juízo que tão aí na foto. Pense que valeu a pena! Como diriam eles: quem num foi, ficou!

A prata é de Zé

setembro 08, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Entre muitos patrimônios, a Prata é de Zé de Cazuza, o Homem Gravador como foi anunciado incansável e entusiasticamente por um locutor tipo “que figura arretada”! Quem me levou foi Annamélia, conhecida por lá do tanto que Jesus é pelo mundo. Aí eu junto os dois aqui: já vai com um tempo que ela me pediu uns versos em cima de um mote dele – Todo dia muda a cor / Do quadro da minha vida. Eu fiz esses:

O jovem

Até os dez eu queria
Logo quinze completar
Nos vinte fiz despertar
O senso da honraria
Hoje vejo cada dia
Como graça recebida
Valorizo cada ida
Pois a volta é um supor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida

O maduro

Um novo quadro se pinta
Dizendo ao bom ouvinte
Quarenta não são dois vinte
Sessenta não são dois trinta
Não sei quem compôs a tinta
Da obra da despedida
Mas sinto os pincéis da lida
Negrejando sem clamor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida

O velho

As orelhas tão crescendo
A vista ficando curta
O juízo de quem surta
E o sexo é só querendo
Aí pego percebendo
Tô na reta da descida
Que é mais curta que a subida
E a carga é só de dor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida

Na volta

setembro 08, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Chegando no ponto de ônibus na volta pra casa - embora estivesse me sentido nela pelo acolhimento recebido - encontramos Antonio de Catarina. Grande figura, poeta respeitado em toda ribeira e nas ribeiras onde seu nome chegar. Antonio pediu para eu recitar um soneto de João Paraibano, entitulado Pajeú. Me orgulhei por puder exaltar o Pajeú lá no Cariri, por ser amigo 'conterrâneo' de João, por saber do soneto e por atender ao mestre Antonio de Catarina. Disse lá, todo gaboso, o que transcrevo aqui:

Pajeú

Pajeú, teu cenário me encanta
Desde a voz do vaqueiro aboiador
Ao verão que desbota a cor da planta
E a abelha que bebe o mel da flor

Do refúgio da caça que se espanta
No chiado dos pés do caçador
E a romântica canção que o rio canta
Na passagem do ano chovedor

Quando a chuva das nuvens inunda as grotas
O volume da água banha Brotas
E onde a curva do rio forma um U

Nasce um pé de esperança no teu povo
Tudo indica que Cristo quando novo
Aprendeu a caminhar no Pajeú

Antonio já tava com um copo meado de uísque. Deu um tapa na mesa e virou o restim.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

PITO DO INQUILINO - Rolando Boldrin

setembro 04, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Prezado morador.

Gostaria de informar-lhe que o contrato de aluguel que firmamos há bilhões de anos está vencendo. É tempo de renová-lo. Só que agora temos que acertar alguns pontos fundamentais. Você precisa pagar a conta de energia. Está muito alta. Como é que você pode gastar tanto assim? O consumo de água: antes, eu fornecia água à vontade, pra você e pra sua família... hoje não disponho mais desta quantidade. Então, precisamos renegociar o uso que você tá fazendo dela. Comida: por que alguns na sua casa comem bastante e outros estão morrendo de fome? Você pode me dizer? O quintal da sua casa é grandão. Se você cuidar bem da terra vai ter alimento pra todo mundo. Ah, outra coisa. Você cortou as árvores... as árvores que davam sombra, que são responsáveis pelo ar que respiramos... pelo equilíbrio de tudo. O sol tá cada vez mais quente... você viu que o calor aumentou, né? É geleira derretendo, o nível do mar subindo... mar invadindo as praias... Então. Agora você precisa replantar as árvores depressa... senão você está literalmente.. FRITO. Os bichos e as plantas desse imenso jardim da sua casa devem ser cuidados e preservados. Eu procurei alguns animais que tinham aí... e não encontrei. Quando eu aluguei a casa pra você eles estavam aí... bonitinhos... você se lembra? Ah... o nosso céu cor de anil... tão cantado em verso e prosa... azul... céu de brigadeiro, como lá diz o outro... cadê? O céu tá com cores estranhas. Não dá nem pra definir. Parece sujo... Ah, por falar em sujeira. Que lixo, hein? Fui andar por aí... como na canção... o que encontrei foram objetos estranhos e variados pelo caminho. Isopor, pneus, plásticos... garrafas vazias... jornal velho... até papel de bala. Não vi os peixes que moram nos rios e lagos. Vocês pescaram todos? Beleza êin.. Onde estão esses peixes que eu estou falando? Bom. É hora da gente conversar. Você e Eu. Eu quero saber se você ainda pretende morar aqui... na minha casa. Se pretende... o que pode fazer pra cumprir o NOSSO contrato? Eu gostaria de você sempre morando na minha casa... mas tudo tem um limite, né? Então? Você pode mudar de comportamento? Pode? Pois eu vou ficar aqui aguardando sua resposta. Resposta só não, que de conversa eu ando cheio. Promessa... Não adianta. Eu quero ATITUDES.
Eu sou o DONO da casa... da terra...
EU sou DEUS.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

setembro 02, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Nem burro, nem idiota

agosto 31, 2009 Por Alexandre Morais 2 comentários
Cada um na sua e respeito pra todo nós. Mas me identifiquei tanto com o comentário do Luiz Berto, autoentitulado e respeitado como Papa da Igreja Católica Apostólica Sertaneja, que resolvi transcrevê-lo. Leia aí:

"É por isso que eu não me meto a escrever poesia. Sobretudo a chamada 'poesia moderna'. Sou perfeccionista, gosto de fazer tudo bem feito. E eu jamais conseguiria compor uma obra-prima perfeita como esta, de um poeta carioca, que li hoje pela manhã na internet. Vejam só:

O texto, escura escama, pesadelo de eternidade,
máscara densa do universo vomitando.
O texto, mas não a energia que o pensou,
interrogando a simultaneidade absoluta.

Num vou passar atestado público de burrice dizendo que não entendi. Nem tampouco atestado de idiota dizendo que entendi. Só quero dizer que eu jamais conseguiria escrever algo assim. Sou muito limitado."
E tu! O que dizes?

Eu gosto é de Filó

agosto 31, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Por entender o que foi dito é que eu gosto de Manoel Filó, esse daí de cima que disse isso aí de baixo:

Por muito prazer que a gente
Na vida já tenha tido
Só presta o que está na frente
O que passou, tá perdido

domingo, 30 de agosto de 2009

agosto 30, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO
De 22 a 26 de Setembro de 2009
Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha

Não esquecem o Senado

agosto 30, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Continuo achando que tão sacaneando o Senado Federal, mas vou postar mais uma. Garantem que este foi o último concurso interno (porque só podiam participar parentes de senadores) para Aspone (o pretendidíssimo cargo de Assessor de Porra Nenhuma). Não tá valendo vaga, mas podem tentar responder. Quem sabe um dia não vais namorar um(a) filho(a) do Sarney!

01) Um grande presidente brasileiro foi Castelo _________
( ) Roxo ( ) Preto ( ) Branco ( ) Rosa choque ( ) Amarelo
02) Um líder chinês muito conhecido chamava-se Mao-Tsé______
( ) Tang ( ) Teng ( ) Ting ( ) Tong ( ) Tung
03) A principal avenida de Belo Horizonte chama-se Afonso_______
( ) Pelo ( ) Pentelho ( ) Penugem ( ) Pena ( ) Cabelo
04) O maior rio do Brasil chama-se Ama_________
( ) boates ( ) zonas ( ) cabarés ( ) relinho ( ) ciante
05) Quem descobriu a rota marítima para as Índias foi __________
( ) Volta Redonda ( ) Fluminense ( ) Flamengo ( ) Botafogo ( ) Vasco da Gama
06) A América foi descoberta por Cristóvão Co_______
( ) maminha ( ) picanha ( ) alcatra ( ) lombo ( ) carne do sol
07) Grande Bandeirante foi Borba _______
( ) Lebre ( ) Zebra ( ) Gato ( ) Veado ( ) Vaca
08) Quem escreveu ao Rei de Portugal sobre o descobrimento do Brasil foi Pero Vaz de ______
( ) Anda ( ) Para ( ) Corre ( ) Dispara ( ) Caminha
09) Um famoso ministro de Portugal foi o Marquês de _________
( ) Galinheiro ( ) Puteiro ( ) Curral ( ) Pombal ( ) Chiqueiro
10) D. Pedro popularizou-se quando __________
( ) eliminou a concorrência ( ) decretou sua falência ( ) saturou a paciência ( ) proclamou a independência ( ) liberou a flatulência
11) Pedro Alvares Cabral _____________
( ) inventou o fuzil ( ) engoliu o cantil ( ) descobriu o Brasil ( ) foi pra puta que pariu ( ) tropeçou mas não caiu
12) Foi no dia 13 de maio que a Princesa Isabel____________
( ) aumentou a tanajura ( ) botou água na fervura ( ) engoliu a dentadura ( ) segurou a coisa dura ( ) aboliu a escravatura
13) Um grande ator brasileiro é Francisco Cu______
( ) sujo ( ) de ferro ( ) oco ( ) largo ( ) apertado
14) O autor de Menino do Engenho foi José Lins do ______
( ) Fiofó ( ) Cu ( ) Rego ( ) Furico ( ) Forevis
15) O mártir da independência foi Tira___________
( ) gosto ( ) cabaço ( ) que está doendo ( ) dentes ( ) e põe de novo
16) D. Pedro I. às margens do Rio Ipiranga, gritou____________
( ) Hortência vorte! ( ) Eu dou por esporte! ( ) Como dói, prefiro a morte! ( ) Independência ou morte! ( ) Maria, endureceu! Que sorte!

Colaboração de Lucílio Valério.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

agosto 28, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Memórias do cangaço

agosto 25, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
O site lampiaoaceso.blogspot.com é uma das melhores fontes "internéticas" que encontrei sobre o cangaço. É moderado por um jovem de nome Kiko Monteiro, de Lagarto, estado de Sergipe. No texto abaixo deste, uma de suas mais recentes atualizações. É uma publicação não muito fácil da revista Realidade, de 1973. São trechos de uma entrevista concedida por Guilherme Alves, o cangaceiro Balão, tido como sobrevivente do bando de Lampião. Na foto acima, balão em família (atente-se para a legenda), abaixo com uma cabeleira 'herança do cangaço'. Crédito das fotos: Chico Aragão.

agosto 25, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
"Vivi de fogo em fogo durante 09 anos. A gente aprende a brigar: Soldado morria porque vinha de peito aberto. Cangaceiro não dá o peito nem as costas, briga de quina. Um homem de quina é uma faca. Também não brigávamos sem preparo. Só atraíamos a volante depois de construir a trincheira. E lá ficávamos, ajoelhados ou em pé, escorando firme o coice da espingarda."

"MARIA BONITA usava uma pistola Mauser, de 11 tiros, mas também não atirava nada. Não era bonita: baixinha, grossinha, pernas meio tortas, cintura fina, quadris bem largos, atrás era batidinha como uma tábua. Tinha o rosto cheio, redondo, andava com botas de couro de bode, bem coladas nas pernas. Usava saia de couro abaixo dos joelhos e uma blusa de couro."

"LAMPIÃO andava todo furado de balas. Eu pensava: é oração, ele não morre mais. LAMPIÃO era alto, magro, as pernas secas. Lia e rezava muito. Só ele e CORISCO sabiam ler."

Me enganei com minha noiva

agosto 25, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Estes versos são bem conhecidos pelos que gostam da poesia engraçada, mas por vezes são ditos como sendo de autoria do forrozeiro Amazan, em função deste ter os gravado em um de seus discos. O autor, no entanto, é Luiz Campos, poeta de Mossoroense (RN). Este aí da da foto.

Quando sortêro eu vivia
Era o maior aperrêi
Devido eu ser muito fêi
As moça num me quiria
Quando prum forró eu ia
Cum quarqué colega meu
Eles confiava neu
Ia bebê e dançá
No fim da festa arengá
E quem ia preso era eu

Prumode arranjar namoro
Eu toda vida fui mole
Cantei samba, puxei fole
Usei um cabelo loro
A boca cheia de oro
Chega briava de dia
Quando prum forró eu ia
Cherava feito uma rosa
Mas quando eu caçava prosa
As moça num me quiria

Eu dizia – É catimbó
Que arguém butô e num sai
Mamãe casou com papai
Vovô casou com vovó
Inté meu mano Chicó
Munto mais fêi do que eu
Namorou, casou, viveu
Cum duas muié, inté
Só eu num acho muié
Que quêra se esfregar neu?

Um dia Deus descuidou-se
E o satanás se esqueceu
Que Vicença oiou pra eu
Cum zoião de bico doce
O nosso amô misturô-se
Cuma feijão cum arroz
Se abufelemo nós dois
Num amô tão violento
Que maiquemo o casamento
Pra quatro dia dispois

No dia de se amarrá
Se arrumou eu e ela
Dei de garra na mão dela
Fui pra igreja casá
Cheguei nos pés do artá
Recebi a santa bença
Jurei num tê desavença
Entre eu e minha esposa
O padre dixe umas cousa
Eu eu fui vivê mais Vicença

Cheguei im casa mais ela
Fui logo mi agazaiando
Que mermo eu ia pensando
De drumi com a costela
Vicença fez uma novela
Pru dentro da camarinha
Quebrou uns troço que tinha
Me ameaçou na bala
Findou drumindo na sala
E eu me lasquei na cunzinha

Da vida eu perdi o gosto
Pruquê Vicença fez isso
De manhã fui pro sirviço
Mas pra morrê de disgosto
Cheguei im casa o sol posto
Vicença me arrecebeu
Inté um café freveu
Botou pra nós dois ceá
Mas quando foi se deitá
Nem sequer oiou pra eu

De Deus eu perdi a crença
De nome chamei uns trinta
Botei a faca na cinta
Fui cunversá com Vicença
Vicença deu a doença
Quando eu falei im amô
E preguntô – O sinhô
Pensa qui eu sou o quê
Só me casei cum você
Pra lhe fazê um favor

Bati cum ela no chão
Puxei a lapa de faca
Cortei-lhe o cós da casaca
E o elastro do calção
Vicença tinha razão
De num querê bem a eu
Num era cum nojo deu
E nem pruquê fosse séra
Sabe Vicença quem era?
Era macho qui nem eu

Eu munto me arrependi
Pruquê me casei cum ela
Falei logo cum o pai dela
E de manhã devorvi
Grande desgosto senti
Que quage murria, inté
Home em traje de muié
Tem munto de mundo afora
Só caso com ôta agora
Sabendo logo quem é

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

agosto 24, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Tem gente que não ver doce
Nem beleza num capucho
Porém tem quem como eu
Lambe os dedo e mela o bucho
Foto: Cláudio Gomes / Arte: Seriza Janaína

O Valor da Vírgula

agosto 24, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Vírgula pode ser uma pausa... ou não:
Não, espere. / Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro:
R$ 23,4 / R$ 2,34.
Pode ser autoritária:
Aceito, obrigado. / Aceito obrigado.
Pode criar heróis:
Isso só, ele resolve. / Isso só ele resolve.
E vilões:
Esse, juiz, é corrupto. / Esse juiz é corrupto.
Ela pode ser a solução:
Vamos perder, nada foi resolvido. / Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião:
Não queremos saber. / Não, queremos saber.

Agora experimente colocar a vírgula nessa frase:
SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Se for homem, certamente colocou a vírgula depois de TEM.

Esta peça compôs a campanha publicitária pelo centenário da Associação Brasileira de Imprensa, a qual teve com lema: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.
Colaboração: Afonso Cavalcanti Fernandes

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Umas coisa dizida por Jessier Quirino

agosto 20, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Meu nome num tem sustança

Eu quero trocar meu nome
Purum nome mais verdadeiro
Pois, Nuca de Zé Bedêu
Não tem sustança nem cheiro
Quero um nome de Doutor
Graúdo, respeitador:
Astragildo de Medêro.
Astragildo de Medêro
Ô nomezim arretado!
Com ele bem adubado
Eu era um filosofêro
E dizia em toda altura:
-O raso não tem fundura
No planeta brasileiro!
O raso não tem fundura
Ia pro Repórter Esso
Ia ser grande sucesso
A minha filosofura
Os doutor na altura
Espalhava o boatêro
E dizia: - Meu cumpade
O dono dessa verdade
É Astragildo de Medêro.

Já um nome apeiticado
Já um nomezim reimoso
Já não é considerado
Já não pode ser famoso.
O raso não tem fundura!
Com bravura digo eu
Os doutor logo adverte:
- Pelo que se asucedeu
A má palavra se herda
Pois quem falou essa merda
Foi Nuca de Zé Bedêu.

Em tempos de gripe

agosto 20, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

Charge: Tach0 - Jornal NH - Novo Hamburgo (RS)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A última dessa sessão sobre Pinto

agosto 18, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Pinto do Monteiro morreu com quase 100 anos. A citação é incerta porque o próprio Pinto contribuiu para tal. Os registros são de que ora dizia ter nascido em 1895, ora em 1896. Há também que o comparasse na idade com o parceiro Antonio Marinho, este nascido em 1887. O certo é que a Cascavel do Monteiro desencarnou em 1990. No dia 28 de novembro mais precisamente. No túmulo do poeta (foto) não há datas.

Ao fim das forças passou a conduzir um pandeiro. De tanto questionado, respondeu com versos. Um deles:

Ninguém deve ignorar
Porque Pinto do Monteiro
Largou de mão a viola
E passou a usar pandeiro
O volume é mais menor
E o pacote mais maneiro

Sobre outros cantadores, disse:

Com Saturnino Mandu
Eu não pude me sair
O velho meuteu-me a peia
Deu até o nó cair

Sobre Antonio Marinho: bom baião, boa toada, mas comigo ele encontrou tampa pro tabaqueiro.
Sobre Dimas Batista: nesse eu bati como quem bate em massa pra pão de ló.
Rogaciano Leite: um monstro.
Sobre quem foram os maiores cantadores: foi o sogro e foi o genro (AntonioMarinho e Lourival Batista). Mas não deixou de graça:

Já apanhei de Marinho
Porém foi só uma vez
Aqui mesmo em Umburana
No ano de vinte e seis
Mas agora dou no genro
Desconto o que o sogro fez

Sobre Jó Patriota: do meu tamanho mesmo só Marinho e Louro, o resto foi do tamanho desse aí.
Sobre João Furiba: nunca teve medo de apanhar.

E profetizou:

Quando os velhos morrerem
Os que ficam cantam bem
Duda passou de Marinho
Por mim não passa ninguém
Vou ficar para semente
Pra séculos sem fim, amém

agosto 18, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Charge: J. Bosco - Jornal O Liberal (PA)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Há 22 anos, morria Carlos Drummond de Andrade

agosto 17, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente.

domingo, 16 de agosto de 2009

agosto 16, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer."
( Albert Einstein )

Colaboração: José Amintas Figueiredo Nunes

Quem quer ser um lápis?

agosto 16, 2009 Por Alexandre Morais 2 comentários
Um menino olhava a mãe escrevendo uma carta com um lápis e, logo, perguntou-lhe:
- O que você está escrevendo, mamãe? É importante?
A mãe parou e comentou:
- É sim, filho! No entanto, mais importante que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis e não viu nada de especial.
- Mas o que tem de diferente neste lápis?
- Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
- Primeira: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe alguém maior que você, uma Mão que guia seus passos. Esta Mão nós chamamos de Deus.
- Segunda: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
- Terceira: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.
- Quarta: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está por dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
- Quinta: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços e procure ser consciente de cada ação.

sábado, 15 de agosto de 2009

Primeiro Ato – O Corpo

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Mesmo para quem não atua no campo jurídico, a expressão habeas corpus é bem comum. Do latim, quer dizer “que tenhas o teu corpo” ou, equivalentemente, “que tenhas o corpo livre”. É uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção. É mais usual como pedido de liberdade para quem foi preso ‘injustamente’.

Segundo Ato – O Pinho

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Pinho é uma árvore muito utilizada para fabricação de instrumentos de corda, especialmente violões e violas. Oferece resistência, durabilidade e, claro, mostra-se propícia às afinações necessárias ao instrumento.

Terceiro Ato – O Fato

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Conta-se que um apaixonado resolveu exaltar seus sentimentos em horário e local inapropriados. Valendo-se da voz, de um violão e, naturalmente, dos impulsos amorosos foi denunciado como perturbador da ordem e do sossego. Pelas mãos da polícia foi levado à delegacia, de onde teve que sair sem levar o companheiro violão. O instrumento virou peça de processo.

Quarto Ato – O Autor

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários



Ronaldo da Cunha Lima, advogado, poeta e político paraibano, usou das duas primeiras referências e compôs uma obra prima eternizada nos mundos jurídico e da poesia. A batizou de Habeas Pinho.

Quinto Ato – A Petição

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Senhor Juiz, Roberto Pessoa de Sousa

O instrumento do "crime" que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.

Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.

O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores.

O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão

Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas finas e sonoras.

Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?

Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.

Sexto Ato – A Sentença

agosto 15, 2009 Por Alexandre Morais 2 comentários
Sobre a resposta do juiz já ouvi várias versões. Numa delas, o juiz teria sentenciado com esta quadra:

Para que eu não guarde
Remorso no coração
Ordeno que devolvam
A seu dono, o violão.

Em outra, a sentença tem forma de soneto:

Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.

Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.

Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte à rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Morte e Vida Severina

agosto 12, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
(...) E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia (...)


Obra de João Cabral de Melo Neto - 1954
Foto de Marcus Antonius Gouveia de Oliveira - 2008

As Quatro Velas

agosto 12, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Quatro velas ardiam sobre a mesa
E falavam da vida e tudo o mais
A primeira, tristonha: “Eu sou a PAZ
Mas o mundo não quer me ver acesa”

A segunda, em soluços desiguais:
“Sou a FÉ! Mas é triste a minha empresa
Nem de Deus se respeita a Realeza
Sou supérflua, meu fogo se desfaz”

A terceira sussurra, já sem cor:
“Estou triste também, eu sou o AMOR
Mas perdi o fulgor como vocês”

Foi a vez da ESPERANÇA, a quarta vela:
“Não desiste ninguém! A Vida é bela!"
E acendeu novamente as outras três!


(Dedé Monteiro)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

agosto 11, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários

"Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar."
Chico Science

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Caiporas de Pesqueira

agosto 10, 2009 Por Alexandre Morais Sem comentários
Cláudio Gomes, o fotógrafo, está acompanhando, a serviço, o projeto Pernambuco Nação Cultural. Este fim de semana esteve em Pesqueira, onde o projeto une-se à tradicional Festa da Renascença. Acima e abaixo, três momentos da cultura de chão representada por lá.